--011/01/27
Escrevi dias atrás, neste espaço, o artigo intitulado: Lição de Férias, no qual apresentava algumas sugestões de leitura. Aproveitei para fazer o mesmo e agora compartilho com vocês o resultado.
Não quero cansá-lo com tudo isso, nem fazer julgamento sobre valores e crenças. Mas é fato que muitas vezes nos acomodamos em nossos próprios pontos de vista e por isso não nos damos conta da riqueza que está por aí: nas leituras que podemos fazer; na troca de idéias que podemos desenvolver; nos debates que podemos travar...
A Desintegração da Morte: Escrita por Orígenes Lessa. Eu não conhecia tal obra, e quem trouxe a mim foi minha esposa, ela leu quando fez a então sétima série escolar. O livro traz à tona a história de um cientista que dá fim à morte. A descoberta científica causa um caos em todos os setores da sociedade. Narrada, por meio de capítulos rápidos, permeados com referencias a Schopenhauer, à Guerra Fria, o livro se torna interessante para um leitor menos ingênuo. Entretanto, a obra é classificada pela editora Moderna como infanto-juvenil, nada contra um adolescente ler a supracitada obra; pelo contrário, se conseguir lê-la, isto é ótimo. O problema é que uma classificação errônea pode afastar leitores adultos, haja vista que o livro, provavelmente, ficará exposto numa estante dedicada à literatura infanto-juvenil. E, esse afastamento é, sem dúvidas, uma pena, pois a obra de Lessa é fantástica.
Pais brilhantes, professores fascinantes: De Augusto Cury. Confesso ser avesso à chamada literatura de autoajuda, no entanto, uma amiga minha vizinha, emprestou-me o citado livro. Estava cansado, depois de um ano de muito trabalho e diversas realizações. Como todos os livros que realmente me conquistam li o volume com enorme apetite. Percebi em suas páginas uma série de práticas que nos mostram como o diálogo, a presença e a compreensão são fundamentais para resgatar a autoestima e estimular o crescimento de nossos jovens e crianças. Provoca os leitores a procurar seus filhos e alunos, quebrando as barreiras que nos "ilharam", separando nossos caminhos, frustrando nossos sonhos e promovendo a desestabilização de nossas casas e salas de aula. Faz-nos refletir e nos permite perceber como atitudes verdadeiramente simples e posturas corajosas diante da vida podem transformar a educação e ajudar nossas crianças e jovens a crescer com melhores perspectivas.
Para uma igreja de rosto humano: O autor Edward Schillebeeckx, teólogo belga, falecido em 2009. Aborda seu fascínio diante de um Deus demasiadamente humano. Assinala que Deus "é uma entidade viva, que liberta os homens. Não é um Deus que os esmaga ou que deles se utiliza como marionetes. Às vezes este Deus aparece distante, silencioso, incompreensível, escondido, mas Deus está próximo, mesmo quando se cala. O silêncio fascinante de Deus chama continuamente o homem à gratuidade, à doação de si aos outros". Na obra aparece também a ideia de uma igreja mais humana, menos hierárquica e punitiva. Para o teólogo belga, as religiões e igrejas exercem o importante papel de facultar a "lembrança viva" em nosso meio da vontade salvífica universal de Deus, no entanto, não há futuro promissor para a igreja, senão na medida em que ela seja capaz de dedicar-se aos outros, à "humanidade que vive no mundo".
Humano, Demasiado Humano: Do filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Sua principal tese é que não é a religiosidade em si, como categoria inata ao ser humano, mas a religião e seus dogmas que, ao apresentar-se como verdade aprisiona o ser humano e matam a liberdade de expressar suas emoções ao indizível, em dar vazão às pulsões que procedem do interior e não se completam com meras ritualidades do exterior. A obra demonstra o quanto Nietzsche decepcionou-se mais com a igreja que com Deus.
Filosofia para Crianças: Dado que leciono Filosofia para as séries do Ensino Fundamental I e II, reli algumas obras de Mathew Lipmann, filosofo estadunidense e precursor do Programa Filosofia para Crianças. Pontifica Lipmann: "A Filosofia para Crianças poderá suscitar e manter viva a capacidade de encantar-se com as relações com o mundo e que invariavelmente envolvem o pensar, o sentir, o dizer e o fazer. Afinal, o que os filósofos e as crianças têm em comum, é a capacidade de se maravilhar com o mundo".
Post-scriptum
À voce leitor (a), desejo que a curiosidade em tais obras proporcione o desejo de fazer delas sua leitura para quem sabe daqui alguns dias...
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